sábado, 28 de junho de 2008

O Dia Dele

Guardião dos céus, primeiro apóstolo de Cristo e, dizia-se, um exímio pescador na Galiléia, Pedro emprestou seu nome para esta charmosa cidade no coração da Região dos Lagos. A Festa de São Pedro, cujo ápice é no dia 29 de junho, dia do padroeiro, bem que poderia se chamar Festa do Canhão. Não pelo majestoso e viril monumento cravado na praça principal da aldeia, mas pelo sem número de moças cuja beleza condiz com o apelido bélico que lhes cabe. Estima-se que estes espécimes abomináveis saem à noite da toca apenas 1 vez por ano e, que de cada 100 mocréias, 93 escolhem este dia para se emperiquitar e levar à passarela Dr. Plínio de Assis Tavares (Praça de São Pedro) todo seu arsenal de cafonice. As outras 7 têm vergonha na cara e só saem no carnaval, quando podem sair bem (muito bem!) fantasiadas e ir pegando geral, porque está todo mundo doidão mesmo. Por outro lado, os marmanjos, fariseus e filhos de pescadores, aproveitam a ocasião para lançar suas redes nas “tainhas” que encontram pela frente. Da mesma forma que o vendedor de 1.99, eles ganham na quantidade. E para encarar tudo sem pestanejar, eles se esbaldam no quentão. Bebem tanto, quentão tornam-se guerreiros destemidos.


Dentre as muitas chamadas de São Pedro, a pequenina cidade pós-aldeia parece ser a que mais combina com as tradicionais festas juninas. Ou será que há outra cidadezinha xará com tanta roça e caipiras genuínos por este Brasil, quiçá, no mundo? Por isso mesmo, a festa é bem especial. O cheiro da maçã do amor mistura com o de bosta, o gole no quentão é temperado pelo capim pendurado no canto boca, o barulho dos fogos disputa nossa atordoada audição com o mágico badalo do sino da igreja matriz. A pacata aldeia vive os seus 3 a 4 dias de uma santa bagunça, shows de vencedores mirins de programas de calouros da TV e de bandas do tipo funkagodaxéforró (des) animam a massa, em coro, ávida por hits, ou porrada, para os mais exaltados. A massa, aliás, em São Pedro, tem uma forma especial de se comunicar. Como a festa marca o encontro de muita gente que não se vê há tempo, o que mais se ouve na rua é “Uuupa”. Você anda na rua e é cumprimento com upa pra cá e com upa pra lá.


São Pedro, até o fechamento desta postagem, finalmente vinha contribuindo com o tempo.
Depois de uma semana friorenta e chuvosa, o santo parou de afastar os móveis lá no céu, fechou a porteira, o sol abriu e promete abrilhantar a alvorada, às 6h do domingo, uma inconveniente cerimônia em que uma banda sai acordando todo mundo enquanto ocorre a queima de fogos. Há gente que goste de acordar para ver a queima e outros que não dormem sem ver a queima antes. Problema deles, o Blog da Aldeia não é preconceituoso. O domingo de comemorações pelo padroeiro inclui ainda uma procissão na lama, quer dizer, na lagoa, que dizem já respirar um pouco após tanta poluição. Até os camarões já voltaram, sabiam? Só esqueceram que camarão é considerado a barata do mar e, como todo BBB (bom bicho barata), dá em todo lugar.









Como uma boa festa junina, a Festa de São Pedro também tem
a sua quadrilha, o que, em ano de eleição, não tinha como faltar.





Boa festa e não esqueçam, na hora de brindar, o gole do santo!

O editor